8/25/2008

assim assim

"Assim assim", que título tão intelectual!

Estava com a ideia de começar o post com a frase "O meu Pai disse-me noutro dia que há pessoas que não prestam e eu não acreditei", mas como gosto mais de ir escrevendo - semqualquerideia - não comecei assim o post.

Mas de facto o meu Pai, ou como se diz quando se é pretensioso "o Pai", disse aquilo e eu, de facto, não acreditei.

Achei que há sempre salvação. E ainda acho que há sempre salvação, mas às vezes dá tanto trabalho e é-nos tão inacessível que talvez mais valha esquecer essas pessoas, fazer como se elas não prestassem mesmo.

Parece mal e chato. É mau e chato, mas se pensarmos que aquelas bestas não prestam para nós, como eu faço, penso "esta besta não presta para mim" podemos completar o pensamento com "mas presta para outros" e assim ficamos livres de remorso, desde que não nos ponhamos a tentar virar gente contra os não-prestantes.

Actuar contra os não-prestantes é giro. Eu gosto muito de mostrar afecto, mas apenas às pessoas de quem gosto. Às pessoas de quem não gosto é muito giro fazer declarações de ódio. Quando se fundamenta o ódio ainda é mais devertido.

Que horror de coisa que este anormal está aqui a escrever, pensam algumas pessoas. Eu também pensei isso de repente, mas note-se: vivemos em sociedade, portanto é muito melhor ter as coisas esclarecidas do que andar a ser cínico e a pisar em falso. Quando se fundamenta o ódio e se diz: "eu não gosto de ti, porque ..." gera-se o oposto do cinismo e, melhor, encaminha-se a pessoa. Se me dissessem "Eu odeio-te, porque andas um desonestão" eu repensaria as últimas coisas que tivesse feito e podia ser que ao fim de algum tempo o mesmo que me odiava já fosse meu amigo.

E lá estou eu a falar em segundas oportunidades...

Agooora, quando se pede desculpa, se explica e as pessoas insistem, então aí cria-se um sitiozinho no cérebro que provoca vibrações extremamente desagradáveis. Aí dá mesmo vontade de desistir e de ser malcriado. A segunda é o que eu faço.

Eu ao menos assumo que não sou educado.

Pessoas que não prestam são muitas vezes aquelas que acham que ser educado é chamar-se Gama e Sousa da Mãe e Proença Telles com dois éles do Pai. E não ser educado é ser-se o Fábio Silva que até é bom rapaz e que se esfola a trabalhar para aguentar o papá e a mamã que têm uma doença que mais cedo ou mais tarde os vai matar e que já não os deixa trabalhar para ganharem o que os "educados" chamam uns trocos, mesmo que não tenham nada.

Não, queridos, eu não vou aqui por-me a dizer o que é ser educado, porque não sei, mas pensando chega-se facilmente à conclusão que ninguém tem culpa daquilo que os Pais fazem, quanto mais motivo para se orgulhar do que os avós fizeram! Ser educado tem, claramente, a ver com o nível e o sucesso da vertente educativa [ui...] dos Pais, mas não tem nada a ver com o nome nem com a casa onde vivem. Há uma graaaande família cá em Portugal que tem elementos que adoram dizer "pois e quando voltámos da Riviera francesa fomos para Paris fazer compras..." que é descendente de uns trolhas que tiveram a sorte de os senhores se terem extinguido e terem deixado tudo ao feitor. Depois, esta mesma família tem elementos que são encantadores.

Mas pronto, um Gama e Sousa (não sei se existe, inventei) a dizer palavrões tem pinta e não faz mal, já um Silva é um nojo!

O que eu quero dizer é que vivemos em sociedade e temos de nos relacionar com toda a gente. Encontra-se gente que presta e que não presta em todo o lado. Agora, é péssimo dizer-se que A não presta, porque a Mãe dele é sopeira e que B é o máximo, porque o tetra-avô era cunhado de um que era de uma família que ainda tinha ligações com a casa real de um país qualquer. Temos de saber conviver uns com os outros e, quanto a mim, temos de deixar as pessoas perceber quando não gostamos delas. Se não acontece como me aconteceu: uma gaja nojenta que achava que era minha amiga que se sentiu traída por mim, quando eu reagi por ela me ter vindo dizer que os meus amigos eram não-interessa-aqui-o-quê.

Portanto, caro único leitor, se alguém de quem não gostes te disser, como me acontece, "ai! És tão má língua! O que será que dizes de mim às outras pessoas?" faz como eu e diz a verdade "Eu só digo mal de quem eu não gosto, a não ser que seja de um amigo comum e haja motivo para dizer por preocupação - mas aí não considero que seja dizer mal. De ti digo que não gosto, que és... e ... e que não prestas e que não és gente" (depois pensa-se "para mim, pode ser, e espero que seja, que sirvas para outras pessoas").

Pode ser que um dia nos compreendamos a todos, mas uma coisa é certa, deve-se dizer a verdade às pessoas. Já desia o polvo, quem nada deve, nada teme. (salvo em casos que envolvam somas avultadas de oiro e diamantes)

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