11/02/2010

Um ano e tal

Venho aqui escrever, porque fui espreitar um blog de um tipo de quem eu esperava uma miséria e afinal é muito melhor que este.

Também vim aqui, porque já passou mais de um ano desde a última vez que aqui publiquei alguma coisa (tirando um comentário que aceitei há uns minutos).

É tardíssimo, mas apetece-me bastante escrever. Houve muita coisa a passar-se na minha vida durante este ano e pouco.

Nem sei por onde começar.

Comece-se, então a um nívl altamente abstracto a falar de coisas pensadas semqualquerideia:

caro leitor, jáalguma vez tiveste uma desilusão contigo próprio? Um acesso de "por que é que fui fazer isto?", uma sensação de "ai se eu pudesse não ter feito isto".

Isto, acho eu, é arrependimento. E para que serve o arrependimento?

Se eu fosse um padre, diria que o arrependimento (de cousas feyas) é um acesso grátes ao Céu.

Só que eu não sou um padre. Então, vejamos, de que serve o arrepedimento?

Melhor, vamos decompor o arrependimento:

Primeiro, temos a fase do erro: "Lálaralalááááa, aqui vou eu, cheio de [patrocínio]! E não sei quê e por alguma razão, não dissecada aqui, faço mal uma coisa"

Segunda fase - a identificação do erro: "Oh! O que é que e fui fazer? Que merda. Não era nada disto que eu devia ter feito, por duas razões mutuamente exclusivas (note-se que eu sou um tipo novo) (1) de acordo com a pessoa que eu me atodefini, não devia ter feito isto (2) na alturada fase 1 eu era mesmo um grande parvo e de certo ponto em diante, deixei de o ser, pelo menos, daquela maneira.

Terceira fase - a mensuração de efeitos: muitas vezes, os efeitos crescem com o tempo, ou aterram de uma vez em diferido (v. exemplo 1). A mensuração pode ser feita a priori ou a posteriori (antes ou depois de se sofrer os efeitos do erro).

[exemplo 1] no caso de o erro ter sido não pagar a água (meu caro único leitor, os exemplos são de profundidade 0, mas a base de análise tem alguma profundidade, garanto. Isto é resultado de um exercício de abstracção), o indivíduo não dá por que tem de se arrepeder até estar ensaboado na banheira, sem ter como tirar o sabão.

Neste exemplo, os efeitos aterram em diferido (depois do prazo para pagar a água) e a mensuração é feita a posteriori.

Com isto quero dizer, que muitas vezes as pessoas só se apercebem das primeiras fases depois da 3ª fase, depois de medir a gravidade do erro.

Fase 4: a emenda. "Agora o que é que faço". Normalmente, pede-se desculpa. Tenta-se mostrar que, sabendo o que se sabe hoje, não se teria cometido o erro, não por razão dos efeitos directos, mas porque, como ser humano, se evoluiu. Fundamentalmente, ainda bem que se cometeu o erro, porque muito foi aprendido com isso (v. exemplo 2)

[exemplo 2] Maria era uma boa menina. Um dia, Maria foi ao supermercado e (por ou sem querer) passou à frente de 3 velhas (Fase 1). As velhas fizeram um escarcéu gigante. (Fase 3:) A Maria pôde medir os efeitos do erro, perante o escarcéu. (Fase 2:) A Maria concluiu que não deveria ter feito o que fez. (Fase4:) A Maria pediu desculpa às senhoras, explicando que (a) não se apercebeu do que estava a fazer (b) pensou bem e concluiu que não devia ter feito o que fez e que não o voltará a fazer.

"Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido"

Com esta frase justifico a não-necessidade de continuar o processo de arrependimento para além do pedido de desculpas. No Pai-Nosso, pedimos o perdão segundo o perdão que damos. A base do que somos (da nossa "qualidade", chamemos-lhe isto) são as nossas acções, não as dos outros. Por isso é que os cristãos pedem o perdão, segundo o perdão que dão. Merecem, segundo a doutrina, segundo o que fazem, não segundo o que lhes é entregue. Um cristão que se arrependa e peça desculpa (sentida) a uma outra pessoa não tem dese preocupar com o facto de as desculpas serem aceites ou não. A menos que a racional do arrependimento esteja errada.

Se eu agir bem, tenho o trabalho feito. Se outro agir mal, azar. Não controlo as acções de terceiros.

Vou mas é deitar-me. Espero não ofender a comunidade cristã.