2/03/2011

Entre prenôr

Estou aqui num impasse vital, calculo que se chame assim, porque é [ia escrevendo "empasse", cavargonha] um impasse grande na minha vida.

Não é daqueles ou sim, ou sopas, aqui vou eu cheio de [patrocínio] pela janela abaixo.

É aquilo que um professor meu chamou "Quarter-Life Crisis", uma crise de quarto-de-idade.

É aquilo que acontece, não aos 40 e muitos, mas aos 20 e poucos anos, e como não dá para comprar meio Porsche, torna-se mais difícil de resolver.

É o problema de não saber o que fazer a seguir. Tooodos os dias acordo, entretido com os meus sonhos, onde caem aviões e há casas brutais com vistas lindas para o mar e o campo, e sou interrompido pelo pensamento mais intimidante que já me apareceu: "Ouve lá, oh, caramelo, andas para aí a sonhar, mas não te vejo fazer nada, e daqui a um ano é bom que estejas a trabalhar!"

E eu penso, "trabalhar, pois claro. Para quem? Os bons não me querem, os maus, não os quero eu! O que eu quero é fazer o meu próprio negócio!"

"E ficar rico, não? És igual aos outros todos"

"Vou mas é tomar banho e aproveitar a casa dos Pais, que quando for eu a pagar, vai demorar até ter uma televisão deste tamanho."

E pronto, anda mais um miúdo beto, semi-deprimido, com uma vida porreira, mas muito preocupado com o futuro a vaguear por casa, e às vezes pela rua.

Causa-mor

Desde pequeno que quero ser MUITO, mas muito rico. Até tenho aqui uns posts antigos que o confirmam.

Desde pequeno que estou habituado a querer-ter e até a ter-perceber-que-há-quem-queira.

É bom? É ÓPTIMO. O problema é quando o primero querer-não-ter é aos 20 anos. É muito grave. É a razão por que até se diz que os ricos de hoje foram os maus alunos de ontem (ou de há umas semanas) - ganharam persistência e maneiras de lidar com derrotas. Se eu me habituei a ter tudo o que me apetecia e até a ter o que nem sabia que era bom, mas tinha e pronto - e pior ainda, a conseguir o que queria com pouco esforço -, cheguei a uma altura na vida em que achei, "Claro! É só respirar!".

Entretanto, tenho vindo a ver que não é assim tão só respirar (eu teria citado: "só respirar", mas a frase é minha).

Tem vindo a ser uma grande maçada, para não dizer chatice e ofender camadas mais velhas e educadas da sociedade.

Agora que eu tinha percebido tão bem a utilidade do diafragma e dos pulmões, parece que afinal servem mesmo só para respirar. Pior ainda, respirar só me mantém vivo - e ainda preciso de comer!

Terei de fazer pela vida, mas tem de ser em grande (pelo menos para a escala nacional).

Então que mais, se não lançar-me? (não é da janela, é nos negócios)

Vou-me lançar!

Só que não gosto e não gosto mesmo dos exemplos à minha volta, salvo uns colegas meus.

Vou ter de ser eu, desde o 0? E se tiver de ser? O problema é: sozinho?

Se calhar estou lixado.
~
~Custo de oportunidade ou a vida de quem deixa passar:

Acordei, arranjei trabalho como trainee numa empresa gigante, onde deve dar para eu crescer até ganhar uns €3000 por mês daqui a 15 anos, ou então vou trocando de empresa. Não tenho tempo para a minha vida. Só a profissional, que é mesmo interessante. Noutro dia, um CEO convidou-me para ir ver uma aula de yoga. Estes tipos são fantásticos! Que freaks! Gostava tanto de ser como eles! Se ele me convidou, deve ser porque simpatizou comigo. Ai, como eu gosto que estes senhores importantes simpatizem comigo! Se calhar arranja-me lá um emprego novo! Será que me pede um curriculum? Agora vou trabalhar.

Cheguei a casa, ainda não foi hoje que tive tempo para dar comida ao gato. Qualquer dia o bicho morre. Ele bem pede festas. Aqueles cabrões agora querem pôr-me a fazer contagens. Mas que merda de coisa. Ai, que vida, se eu soubesse, tinha ido para Design, esses é que não precisam de uma gravata todos os dias, que malucos!

Pois, eu teria ido para Medicina. Agora já não dá.

Quero dinheiro.

Uma braço