1/29/2007

E pronto, cá estamos

Apeteceu-me escrever um bocadinho, mas inspiração, coitada, é melhor não se falar nisso... Tenho andado cá com uma vidinha... hem? E pronto, cá estamos, e fala-se do tempo e do que sai nos exames e do que se vai vendo por aí, mas com pessoas comuns, só conversas comuns...

Para isso é que tenho amigos, caro leitor único do blog... É para isso que os amigos servem, para se falar de coisas que vão um bocadinho mais além do tempo e que não queremos contar à psicóloga da escola, que, ainda por cima, nunca iria perceber o que é que tem o Kafka a ver com o superego (que ela aprendeu lá algures nos primeiros anos do curso que não era um super-herói, mas que também já não distingue muito bem de uma tuna).

É tão desconfortável estar a falar com uma pessoa que não nos conhece e que acha que este gajo aqui deve ser esperto anda no alemão e já sabia o que é que era uma OPA antes daquele senhor do Norte comprar a empresa dos telefones que afinal também era da TV-Cabo, acho que não vou para economia, dasse, ganda confusão... E que não percebem metade do que eu lhes digo, como eu também não percebo metade do que eles dizem, porque a única coisa que vêm é o crestiano que joga bué da bem e que anda sempre a trocar de babe e que tem bué da massa, já viste, tu que gostas de dinheiro, que ele tem mais dinheiro do que os nossos pais? E eu tenho de fingir que achei interessante o que ele disse, porque ele afinal estava a ser simpático e a falar de dinheiro que é um assunto sobre o qual eu gosto de falar...

Tenho é de ter uma conversa com um destes que goste de literatura... Para ver o que é que acha do erro do sistema judicial alemão (ihh que horror) quando mandaram prender o José Kapa, sem que ele tivesse feito nada de mal, coitado, ou quando o Édipo foi pá cama com a mãe dele e passou a ser pai de si mesmo (pois, porque muitas destas pessoas seguem padrões de lógica do género: se dorme com a Mãe, é o Pai, né? Então... Já se dorme com o Pai, deve ser a secretária - imbecis), ou mesmo que tenha adorado o memorial do convento, porque aquela pontuação transgressora é tão semelhante à revolução social, pois, porque se és intelectual, és de esquerda. E eu sou pseudo-intelectual e sou de direita! Mas também não me venham com merdas de matar pretos, e não me obriguem a dizer "ah! não os matem, que dão jeito najobras! hehehe!!!" - e pensar "mesmo assim são mais úteis do que tu, oh mama-mesadas que não-faz nada da vida"

Pois é, por isto é que se alguém é meu amigo, é porque é alguém de jeito, pelo menos para mim. Se eu gosto de alguém, é porque é alguém com quem consigo falar mais do que sobre o tempo e que sabe que quando digo "Donald" o mais provável não é estar a falar de um pato teso com três sobrinhos incestuosos paneleiros, estou a falar do Trump, na maioria dos casos.

Claro que os outros também têm amigos, e têm os próprios critérios para escolher os amigos. e acham que os deles são os melhores.

Muito bem, somos todos pessoas.

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