7/20/2007

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Descobri que, segundo o meu livro do código da estrada, está prevista, neste, uma cor nunca antes vista, uma cor talvez digna dos deuses, uma cor que altera todos os conceitos cromáticos desenvolvidos, sentidos, vividos até hoje. Segundo o meu livro do código da estrada, existe uma cor, da qual talvez nem o próprio Dossieicos, deus da Burocracia, residente no prédio urbano designado "Residências da Herdade do Monte do Olimpo", Lote 3, 4ºE, com o código postal 7960-228 Vidigueira, filho de Transitus, deus geral de viação, com residência sita no mesmo lugar e de Antipatheia, deusa das meninas da DGV, escolas de condução e entidades similares, residente na Rua General Norton de Matos, nº1, 1ºEsq, seja digno!

Esta cor está acima do cintilar das estrelas, acima mesmo da compreensão humana, como tantas outras regras de trânsito, tais como a circulação em Auto-Estradas de veículos que efectuem transporte de explosivos, que não podem andar a mais de 50km/h por restrição do Código da Estrada, mas que afinal sempre podem andar nas Auto-Estradas, onde só podem entrar veículos que possam atingir velocidades superiores a 60km/h.

Esta cor mete os diamantes de volta nos buracos de onde saíram.

Esta cor mete qualquer simples azul-celeste, verde-esmeralda ou preto-tomé noutros buracos ao lado dos dos diamantes.

É uma cor que não está ao nosso alcance, pelo menos dos de entre nós que não efectuam transportes de objectos indivisíveis que façam o comprimento do veículo exceder os 3,5 metros de largura ou os 20 metros de comprimento.

Podemos pensar que ao usar os piscas, estamos a cometer o acto de soberba que seria um comum condutor de um mero ligeiro de passageiros usar tal sublimada e grandiosa cor.

Mas não, os piscas são meramente alaranjados (não há cá "cores-de-lanranja") ou brancos para a frente e alaranjados ou vermelhos (nem "encarnados") para a retaguarda (que eles não sabem bem se é "a retaguarda" ou "a rectaguarda", mas têm a certeza de que nunca na história do Universo se chamará "trás"). Nada que se compare com a divina cor, que ultrapassa um humilde Pôr-do-Sol no Pacífico Sul ou ainda o mero cintilar de uma super-nova a milhões de quilómetros de distância.

Tomara que um dia também nós, os comuns titulares ou candidatos a titulares de Carta de Condução para a Categoria B pudéssemos usufruir de tal cor.

Mas não me parece que algum dia alguém nos veja a usar a notável, mais-que-cintilante, sublimemente vibrante, divina, transversal, oblíqua e longitudinal, retaguárdica, via-de-trânsitica, ligeira, pesada, tractor-agricolíca, quadricíclica, mecânica cor que é o amarelo-intermitente.

1 comentário:

JMP disse...

Oh! Quanta inveja de tão sublime matiz.
Temos que conversar de negócios, coisas bem mais ao nosso alcance que tão inominavelmente belo tom.
Tive uma ideia que é capaz de resultar,mas certamente nunca despertará o encanto de tal cor (e vai daí não sei, se der mesmo umas massas, ehheh - isto é a minha 3a. personalidade a escrever. Desculpa, às vezes mete-se ao barulho quando a conversa não é com ela.
Toda a gente sabe que a que fala contigo é a 15a)
Um abraço