12/18/2008

Capuchinho Vermelho

Aproxima-se o Natal e, cada vez mais, apetece-nos escrever contos natalícios. Eu não me lembro agora de nenhum, portanto vou contar outra vez o Capuchinho Vermelho.

A mãe de Capuchinho Vermelho cozinhou umas merdas para a segunda levar à clássica figura da "Avózinha", que era uma senhora que vivia longe.

Capuchinho Vermelho, que embora o nome possa parecer indicar um rapaz, indica uma rapariga, aceitou o desafio de ir entregar o que quer que a sua mãe tivesse feito, a casa da avó, porque se tinham acabado as embalagens de correio verde e mandar por Fed-Ex ou DHL seria estúpido.

Então, abreviemos, Capuchinho, sai de casa com as merdas numa cesta, depois de dar um beijinho à mãe e segue em direcção a casa da "Avózinha".

Passadas umas centenas de metros, aparece um lobo. Capuchinho assusta-se, mas o lobo passa pacíficamente por ela, que conclui que os lobos são animais mansos e queridos.

Mais à frente, aparece outro lobo, mas este fala. "O que levas na mão, menina?" "Um GPS" "Ah! PAra não te perderes? Onde é que arranjaste isso, que eu queria ver se comprava um, da última vez que fui a casa da minha sogra nem imaginas, a velha vive num buraco..." "Desculpa, lobo, mas estou com pressa, tenho de ir entregar isto - mostrou a cesta - a casa da «Avózinha»" "Ah! Claro, não te maço mais"

E Capucho continuou.

De repente, aparece outro lobo falante
- Boa tarde, menina.
- Boa tarde
- O que leva na cesta ou a vida?
- Olhe, assim de repente, é que tenho andado um bocado deprimida-
- Oh Capucho, porra! Estás a fugir à história
- Desculpa, ok? É que tenho andado em baixo, já não se pode? Agora só se pode estar em baixo no programa da manhã?
- Calma! Bem, como é que vem aqui no guião? AH! Olha, linha 20, página 3. És tu a falar
- Ok, seguindo. Ai o Lobo Mau, que me vai fazer maldades
- Tens de dizer isso com mais espírito. Tenta com tudo em maiúsculas
- AI O LOBO MAU, QUE ME FAZ como é que era?
- Maldades.
- Ah! Desculpa, AI O LOBO MAU QUE ME FAZ MALDADES. Melhor?
- Era "que me vai fazer maldades, mas deixa estar". Prosseguindo. Não, menina, eu gostava só de comer o que tens na cesta. Quem é que escreveu esta merda? Isto dito assim, até parece mal, só faltava dizer marmita!
- Não sei. Vamos lanchar?
- Não, temos de acabar isto hoje.
- Ok. Deixe-me em paz, senhor Lobo Mau.
- Hehehe, deixarei?!
- Acho que não era bem essa a entoação, isso pareceu muito ordinário.
- Pá se te metes com essas merdas, nem daqui a um mês nos despachamos.
- Ok. Pronto, agora eu fujo e tu abrevias caminho.

Capuchinho Vermelho fugiu e o Lobo Mau abreviou caminho até casa da "Avózinha".

Truz-truz (olha, uma onomatopeia num conto de Natal! Que chique!).
- Quem é? - pergunta a "Avózinha"
- É a sua neta, tenho aqui umas merdas para dar a você.
- Ah, sim, filha, entra, entra, estou no quarto. GASPAR! ABRE A PORTA À MINHA NETA.
- Sim, senhora.

Chegado ao quarto, o Lobo Mau comeu a "Avózinha"
- Pá, não vou comer a velha, desculpa lá.
Não é esse comer, estúpido. É o outro.
- Ah! Tipo comida!?
Sim, mas engole de uma vez, que ela ainda vai ter de sair da tua barriga.
- Ok.
Então, o Lobo Mau comeu a Avózinha, no sentido não ordinário.

Truz-truz.
- Quem é?
- Capucho, neta da Sra. D. Dolores, Gaspar.
- Mas a menina não tinha acabado de...
- Deixa entrar a miúda, Gaspar, que indiscreto, disse o Lobo, mascarado de "Avózinha"
- Sim, senhora.

Capucho entra no quarto da velha, ajeita os óculos, tinha tido um problema e naquela semana não podia usar lentes, então usava os óculos de quando era criança, que, convenhamos, estavam desactualizados.

- Ai, Avó! Que F tão grande!
- Não é um F, filha, é um E, tens de rever a graduação desses óculos.
- Sim, Avó, mas agora que olho para si, que nariz tão grande!
- É nariz de judeu, também vais ter quando cresceres, ou achas que isto não toca a todos?
- Oh Avó! E que orelhas tão grandes!
- Oh menina, hás-de ter muito a ver com isso!
- Oh Avó, mas para que é essa boca tão grande?
- PARA TE COMER!!!
- Não que eu nunca tenha pensado nisso, mas isso não é incesto?

E o Lobo Mau revelou-se e tentou comer Capuchinho. Aqui usei o diminutivo, porque estáa ser vítima.
- Obrigadinha, que atencioso.
De nada.

Capucho correu, e, com gaspar deram um Xanax ao Lobo, que, pouco habituado, adormeceu.

Chamaram um caçador e não sei quê e tiraram a "Avózinha" de dentro da barriga do Lobo e acho que entregaram o último a uns mafiosos, que lhe encheram a barriga de pedras mais densas do que água e o atiraram a um rio. Seja como for, deve ter-se safado, porque continua vivo no imaginário popular.

A "Avózinha" comeu os bolos, passado pouco tempo morreu. Capuchinho manda beijinhos. O Lobo Mau abriu um negócio de restauração, com bastaste sucesso. Reformou-se cedo e agora vive dos rendimentos nas Seychelles, com a Loba Má, uma modelo ucraniana.

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