12/15/2004

Porquê escrever?

Porque é que os humanos escrevem e os caninos não? Será uma afirmação de superioridade mental ou simplesmente uma resposta às necessidades que o Homem tem de se exprimir (sendo isto uma necessidade, seria o Homem inferior ao cão...(?)) ou terá sido a escrita inventada apenas para remediar a falta de memória e a impossibilidade que o Homem tem de ser omnipresente (isto é, foi preciso tomar notas e escrever à domésticas o que elas tinham de fazer, portanto inventou-se a escrita)?

Bom a verdade é que muitas domésticas são analfabetas, mas também acontece que para acumular conhecimento é necessário tomar notas para mais tarde se estudarem...

Seja como for, não é sobre isto que eu quero escrever...

O que eu queria dizer, antes de aquele pensamento me ter incomodado (sem ofensa), é que eu estou colado ao teclado a escrever desde as 5 horas da tarde (com intervalos) e ainda não me sinto satisfeito com o que produzi...

Sinto uma necessidade de expressar (acho que isto responde à primeira pergunta retórica) as coisas mais secantes que vão na minha cabeça... Também me apetece falar de coisas que podem ser interessantes, mas não têm nada a ver...

No entanto penso que se isto fosse um trabalho da escola, não só receberia uma nota quase negativa (se não mesmo negativa, dependendo do professor) pelo conteúdo, como também que eu não teria tanto para escrever...

É verdade que me estou a sentir cada vez mais livre para escrever o que me apetecer, até porque o texto está cada vez maior e percebo, por experiência própria que ninguém que esteja bom de cabeça leia isto até aqui...

Mas estarei eu louco? A divagar? A expressar de forma inocente o que me vai na alma? Penso que não, pois ainda não falei daquilo que tenho armazenado e oprimido...

Ainda estou a pensar se hei-de dizer coisas que não devia ou não... Não sei se hei-de falar sobre o que me incomoda em mim ou nos outros...

Mas afinal, se o que me incomoda em mim é EM MIM (dah!) não poderei eu alterá-lo?

Embora pareça que nos podemos modificar, também nos habituamos a nós mesmos... Até, por vezes, começamos a simpatizar com os nossos defeitos, a achá-los engraçados (como por exemplo a facilidade que eu tenho de dizer mal das outras pessoas e de as fazer sentir-se mal, ou não fosse uma colega minha ter-me emprestado um livro, sob a seguinte desculpa que lhe dei "Ó ..., tu não estás a perceber nada do que lês, portanto dá cá o livro, que sempre se torna mais produtivo...", e à qual já me habituei... O pior foi que durante horas me orgulhei desta saída que deixou a minha colega, que devo dizer, que não é muito inteligente, completamente perdida e sem confiança nenhuma em ninguém, nem nela mesma - houve qum se tivesse rido disto comigo...).
Pronto, isto não respondeui à pergunta

[merda dos pop-ups que me estão a chatear!!!]

Vou recomeçar a divagar:

Embora nos possamos habituar aos nossos defeitos, penso que estes ficam apenas reprimidos e no inconsciente à espera de uma distracção do ego e do superego (vejam a teoria de Freud, se ainda me estão a ler...), para se poderem passear, exibir e nos provocar uma descarga de endorfinas, que nos proporciona um prazer por vezes de dimensões assustadoras...

Segundo isto, se o meu ego e o meu superego se distraírem e soltarem o pobre do id para poder expressar-se sobre o que o incomoda, eu terei uma sensação de libertação...

Continuo à espera dessa sensação, mas sinto que está cada vez mais próxima... Espero não ofender ninguém quando ela acontecer... Mas se ofender, paciência, porque é assim que eu sou e se tenho de aceitar os defeitos dos outros, também tenho de me aceitar a mim...

Entretanto vou escrever algo mais técnico:

Se os ids das pessoas são a única parte delas que não sofre alterações na maneira de reagir, não seriam as pessoas mais elas mesmas se ignorassem o ego e superego que têm e que afinal são resultado de uma educação (que segundo os sofistas é) 100% questionável? Não seria mais fácil viver para o prazer momentâneo?

Penso que não (isto deve ser uma parte racional do meu ser a responder), porque se o Homem vivesse só para o prazer momentâneo, não produziria, pois isso é uma chatice, o que levaria à escassez de todos os bens, neste caso alimentares, (se o Homem vivesse regido só pelo seu id estar-se-ia nas tintas para o dinheiro, o trabalho, o futuro, e todas essas "chatices" que os cães e nós próprios em bebés não temos, pelo que nunca desenvolveria tecnologias de produção e os bens seriam somente alimentares) (e aqui algo de economia) e as necessidades, virtualmente infinitas, ficariam por saciar, mal a Natureza deixasse de nos fornecer alimento, diversão e tudo o que achamos bom e agradável. O que levaria à infelicidade...

Este texto até aqui não levou a qualquer conclusão... E "louvo" quem se deu ao trabalho de o ler todo, pois deve estar uma seca para outros que não eu...

[PARA QUEM NÃO TEM PACIÊNCIA PARA LER TUDO, ESTÁ AQUI A CONCLUSÃO:]

Agora a sugestão sobre a escrita (que afinal é o grande tema do texto...): Escrevam, como eu, um diário online, assim, não expressarão directamente tudo o que o vosso id pode querer expressar, mas aliviá-lo-ão. Têm é que ser absolutamente honestos.

BOAS DESCARGAS!!!

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